Edição Rali Dakar 2024

Edição Rali Dakar 2024

Entre os Imagina só uma corrida em que carros, motos, caminhões e outros veículos percorrem o deserto, desafiando tanto os veículos como os pilotos e navegadores até o limite. É assim o Dakar, uma aventura off-road incrível disputada anualmente desde 1979. Confira como foi a Edição Rali Dakar 2024:

A 46ª edição do rali aconteceu novamente na Arábia Saudita, de 5 a 19 de janeiro. O ponto de partida foi na cidade de Alula e a chegada, em Yanbu, na costa do Mar Vermelho. O percurso teve 7,9 mil km, dos quais 4.727 km cronometrados e em alguns dos terrenos mais deslumbrantes e difíceis do país, como Rub’ al Khali e Wadi Rum.

A prova é uma combinação de velocidade, resistência, estratégia e trabalho de equipe — lembre-se da galera que trabalha muito (e dorme pouco) nos acampamentos. Os pilotos e os seus navegadores têm de trabalhar em conjunto para percorrer percursos complicados, ultrapassar obstáculos e enfrentar desafios inesperados até a chegada.

Distância percorrida e especiais

A distância total percorrida pelos competidores do Dakar 2024 foi de 7.891 km, nos quais 4.727 km são de especiais cronometradas. A novidade em 2024 foi a criação de uma etapa de 48 horas em que os competidores têm até às 16h para alcançarem um dos oito acampamentos para pernoitar. Aí, recebem 2 horas para reparos nos veículos e têm suprimentos para dormir e completar a especial a partir das 7h da manhã do dia seguinte. Ao todo, foram 12 especiais além do prólogo que abre as atividades.

As regras

O Dakar é o maior rali off-road do mundo e acontece sob regulamento do W2RC, o Mundial organizado pela FIA que conta com cinco etapas e tem Nasser Al-Attiyah como atual campeão. Os competidores passam por vias públicas até o ponto de partida das especiais e, ali, geralmente largam na ordem de classificação da especial da etapa anterior. O não cumprimento do horário programado de largada para cada competidor gera punição no tempo final.

O percurso específico dentro das rotas previstas é mantido em segredo até o início de cada uma das especiais, quando os roadbooks são distribuídos aos competidores. Ainda que cada um tenha seu GPS, o roadbook é a única fonte que mostra os pontos de referência exatos e eventuais detritos no trajeto. A disputa é feita atrás dos tempos mais rápidos possíveis em terrenos traiçoeiros e, depois, os competidores partem para acampamentos com chuveiros quentes, motorhome e estrutura de qualidade, perto de uma das cidades-sedes. No entanto, nas especiais chamadas maratonas, pilotos e navegadores ficam sob lonas e não recebem qualquer apoio de mecânicos.

As classes

Os 778 inscritos vão disputar o Dakar 2024 divididos em oito categorias: motos, quadriciclos, carros, Challenger (UTVs T3), SSV (UTVs T4), Caminhões, M1000 (veículos protótipos) e Clássicos (veículos antigos que já competiram no Dakar, inclusive alguns com quase 50 anos de existência). Motos, carros e caminhões estão presentes desde a primeira edição, em 1979.

Os maiores que temos

O francês René Metge e o finlandês Ari Vatanen foram figuras centrais para o crescimento do Dakar nos anos 1980 e começo dos anos 1990, dominando a disputa. Pierre Lartigue, com triunfos seguidos nos carros entre 1994 e 1996, é outra lenda da competição. No entanto, ninguém chega aos pés de Stéphane Peterhansel, um dos grandes mitos que o esporte a motor já teve. Presente no evento desde 1988, o francês é recordista de conquistas, com 14 títulos: seis vezes nas motos e outras oito nos carros.
A história também é contada por grandes figuras como a alemã Jutta Kleinschmidt, que se tornou a primeira mulher vencedora do Dakar, em 2001. Nomes consagrados como Jacky Ickx – que venceu, inclusive – e Fernando Alonso foram alguns dos que já se arriscaram por lá.

Marcas de sucesso

Nas motos, é duro bater de frente com a KTM. Os austríacos têm 19 conquistas no Dakar e 232 vitórias em especiais, consideravelmente maior que os da Yamaha, segunda colocada em ambas as listas com, respectivamente, nove vitórias gerais e 140 especiais na conta. Além das duas, só a Honda, a BMW, a Cagiva e a Gas Gas têm conquistas do Dakar.
A Yamaha, porém, tem todas as vitórias nos quadriciclos. Nos estágios, além da fabricante japonesa, só Honda, Polaris, Can-Am, E-ATV, Suzuki e Barren já triunfaram ao menos uma vez. Nos caminhões, com 19 vitórias gerais, a russa Kamaz tem a hegemonia, com os tchecos da Tatra, com seis, ocupando o posto de maiores perseguidores. Entre os carros, a Mitsubishi se destaca com 12 triunfos gerais, mas o último deles foi em 2007. A Peugeot tem sete, seguida pela Mini, com seis. Citroën e Volkswagen têm quatro, enquanto a atual bicampeã Toyota aparece com três. Porsche, Range Rover e Schlesser (dois) e Mercedes e Renault (um) fecham a lista.

O futuro

Ainda que tenha encontrado alguma estabilidade na Arábia Saudita, o Dakar não quer parar por aí. A ida para outros países do Oriente Médio e até um retorno ao continente africano seguem nos planos da competição, que continua abrangendo novas classes e que busca ser exemplo também de preservação climática global. O plano é tirar a emissão de carbono por completo até 2030 e o Dakar valoriza bastante os movimentos de suas fabricantes por veículos que sejam sustentáveis.

Fonte: Paul Keith, com adaptação de Gabriel Curty